Estamos expostos a vários debates
religiosos envolto à política brasileira, questões dogmáticas e
interpretativas bíblicas estão sendo disseminadas e usadas para conduzir
vários temas de interesse público à esfera religiosa.
A Doutrina Espírita é uma filosofia que
como toda literatura está sujeita a interpretações diversas conforme
seus leitores a entendem, mas em relação a política e as questões que
são constantemente ventiladas na mídia podemos exercer nossa opinião sem
problema alguma, afinal antes de sermos Espíritas somos cidadãos e
devemos agir como tal, omitir assuntos de ordem cívica seria leviano de
nossa parte. Evidente que respeitando as individualidades, onde cada
qual tende a se interessar mais por determinado assunto geral, alguns se
mobilizam mais para uma determinada área e assim há a pluralidade de
interesses, eu que vos escrevo gosto da política, mesmo estando um pouco
descrente com o processo democrático que é facilmente manipulável
devido à falta de interesse comum pela idoneidade das pessoas que
exercerão cargos públicos, a população acaba sendo usada como massa de
manobra pendendo para o lado que as melhor lhe atende dentro do
imediatismo sem olhar para o futuro de todos, ou bem comum.
Um exemplo clássico são as “bancadas
evangélicas” que tem seu público fiel e cativo devido a cegueira
religiosa de seus seguidores. E quando a conduta de algum de seus
membros é exposta discursam para o grande público de maneira demagoga e
leviana, e para seus eleitores ovelhas usa-se o argumento padrão que o
diabo os estão perseguindo, com isto seus votos são assegurados e os
mantém por mais um mandato, sem generalizar, muitos apenas lá estão para
usufruir do status e conforto que um cargo público lhes oferece.
Assim conseguem usar da influência que lhes é garantida para satisfazer
os interesses de grupos privados ligados às respectivas Igrejas e ou
instituições religiosas que mais assemelham a industrias, exemplos sei
que todos que nos leem deve ter algum, mas apenas para refrescar podemos
citar que Vereadores de Belo Horizonte desapropriaram uma rua pública
que continha casas particulares, cedendo o lugar a um valor inferior ao
de mercado para atender a Igreja Batista da Lagoinha, tornando algo
público em privado e sem respeitar o direito a propriedade, tudo isto
graças a um decreto municipal que alguns vereadores evangélicos
aprovaram.
Vimos a alguns anos atrás uma corrida
presidencial quase virar pela questão do aborto, e esta reviravolta
toda não se deu pelo caráter social da coisa e sim pelo caráter
religioso, argumentos arcaicos e provincianos tomou o debate político
brasileiro graças ao anacronismo do cristianismo moderno que imputa um
desrespeito as minorias graças a um livro da idade da pedra, e seus
interpretes mercenários. Não quero dizer que a Bíblia é um livro que de
nada se aproveita, Allan Kardec, por exemplo, cita na questão 59:
Devemos concluir, então, que a Bíblia é um erro? Não; mas que os homens se enganaram na sua interpretação.
Ele apenas chama a atenção para levarmos em conta seu tempo e sua linguagem figurativa.
Atualmente temos um pastor que foi
indicado para a comissão de direitos humanos, o que seria louvável se
este ser não externasse tanto suas posições dogmáticas e que para outros
setores da sociedade é um agressão. Segundo a Folha de São Paulo em
2011 ele declarou que os “africanos descendem de ancestral amaldiçoado
por Noé”, depois se retratou com aquele velho chavão dos
preconceituosos, “tenho pessoas na família que são”, falando que
isto é um ensinamento bíblico, como considero a Bíblia um fiasco em
ensinamentos, sua fala também passaria desapercebida, mas sabemos que
cristãos acreditam nas maldições eternas, etc, etc, etc, sendo assim ele
incita mais ódio em seus fiéis seguidores, dando vazão para que o
preconceito aos negros se estenda por mais algumas gerações.
Em relação aos homossexuais falar algo aqui seria chover no molhado, afinal sabemos que o discurso dos “Ministros de Deus na Terra”
são dignos de dó, ou melhor de um belo processo e se possível cadeia
por alguns anos. Eles pregam o ódio de Deus por suas criaturas:
Levítico 20:13 – “Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.”
Um contra-senso total na postura
divina. Se é visto de maneira anormal por alguns são escolhas
particulares, se concordamos ou não é irrelevante, afinal de contas
pouco nos importamos com opiniões diversas de posturas que temos. Cada
um dentro de suas escolhas, quanto a ser certo ou errado fica para o
juiz de cada um decidir, a consciência é individual, e cada um tem a sua
para decidir se as conseqüências de seus atos valem a pena.
Lembramos também de algumas escolas
onde acontece o confronto direto de religiões contrárias, ou a
repugnância de alguns em falar da cultura dos outros, me recordei também
do apelo mundial para que a Igreja Católica instrua seus fiéis quanto
ao uso da camisinha, o fato é que declarar a concordância a Igreja
Católica assumiria algo que já é corrente, a falta de controle sobre as
pessoas que a muito foi perdido. Mas em um continente como a África, por
exemplo, que não existe políticas sociais e nenhum acesso a informação
seria um ato e tanto de caridade instruir os que buscam seu refugio
espiritual semanal quanto ao uso de um elemento que os ajudaria a evitar
filhos que serão criados pela própria sorte, ou evitar o contágio de
inúmeras doenças que tendem a encurtar e tornar a vida de muitos em um
martírio por pura ignorância. Sabemos que segundo os dogmas o sexo nem
deveria ser feito antes do casamento, mas como barrar um rio de ir
adiante? É o mesmo com este instinto natural que todos possuímos
primeiro damos as informações depois a sabedoria e com o tempo vai se
construindo o discernimento, algo que é alicerçado pelo próprio
individuo, mas negam-se a informar apenas para fingir que esta “lei divina e imutável”
ainda é válida, sabemos nós que nunca foi aplicada realmente, a não ser
por questões culturais e sociais sobrepondo-se às questões religiosas.
Se fosse possível assim coibir a pratica sexual apenas com palavras e
instrução, os pastores católicos seriam todos castos, e sabemos que na
pratica não é bem assim.
O interessante é que no âmbito
mundial o Brasil é bem avançado neste campo, até nos declaramos um país
Laico, imagina aonde a interferência é aceita.
O combate da sociedade a esta
nomeação é prova que a população está mais engajada e atenta a posturas
contrárias quanto a representatividade de um todo, não podemos mais nos
dar ao luxo de termos comandantes que se fixam em um grupo e para eles
governa, a maquina pública é para todos, vejam como exemplo a Lei Seca,
que aos trancos e barrancos vai trazendo uma realidade até então
desconhecida aos brasileiros, que é a mão forte do governo atuando de
maneira igualitária defendendo assim o direito de ir e vir dos cidadãos.
(Com falhas é óbvio, mas o homem dentro de sua imperfeição buscando
acertar é novidade).
E aonde entra o Espiritismo em tudo isto?
Na INSTRUÇÃO. Kardec
imaginou que poderia construir um sistema aonde pudéssemos buscar
informações para que tomemos de maneira concreta decisões de maneira
sábia e com confiança que acertando ou errando estamos tentando o
melhor.
O Livro dos Espíritos –
questão: 122. Como podem os Espíritos, em sua origem, quando ainda não
têm a consciência de si mesmos, ter a liberdade de escolher entre o bem e
o mal? Há neles um princípio, uma tendência qualquer que os leve mais para um lado que para outro?
– O
livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire consciência
de si mesmo. Não haveria liberdade, se a escolha fosse provocada por
uma causa estranha à vontade do Espírito. A causa não está nele, mas no exterior, nas influências a que ele cede em virtude de sua espontânea vontade. Esta é a grande figura da quedado homem e do pecado original: uns cederam à tentação e outros a resistiram.
Os que se dizem detentores dos
ensinamentos Cristãos não poderiam dentro da sabedoria de amor que Jesus
trouxe orientar seus seguidores sem a ambição de conquistar mais
“almas” pelo medo? Porque não orientar disseminando bons exemplos? O
Espiritismo nos orienta buscar a instrução, e com isto despertar para o
que é certo ou errado dentro do contexto na moral de Jesus.
Saber o que é moralmente aceitável pode nos deixar confusos, Allan Kardec sabendo disto pede instrução aos Espíritos:
629. Que definição se pode dar à moral?
– A moral é a regra da boa conduta e portanto, da distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação da lei de Deus. O homem se conduz bem quando faz tudo tendo em vista o bem e para o bem de todos, porque então observa a lei de Deus.
630. Como se pode distinguir o bem do mal?
– O bem é
tudo o que está de acordo com a lei de Deus e o mal é tudo o que dela se
afasta. Assim, fazer o bem é se conformar à lei de Deus; fazer o mal é
infringir essa lei.
Esta questão abaixo, ao meu entender,
resume bem todas as situações de desvirtuamento religioso, ou uso da
religião para questões políticas
642. Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura?
– Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.
O apego pelas regras humanas em
detrimento do bem social é um agravante nas conseqüências futuras,
deixar que muitos passem a nutrir o ódio, pré conceito, intolerância e
até danos físicos e psicológicos para manter o dogma instituído pelo
homem é uma forma de controle, sendo assim acreditamos que trás
malefícios ao todo deixando de fazer o bem comum.
Fonte: http://espiritismo-estudo-duvidas.com/
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