O
Espiritismo não se orienta por nenhuma liturgia: – não tem ritos,
sacramentos, nem cerimoniais; não acende velas, não faz promessas, não
queima incenso, não faz defumações, não admite adoração de imagens; não
celebra batizados, casamentos ou encomendações, como atos sacramentais.
– não dispõe também de sacerdócio organizado, seus adeptos são
artífices da própria evolução e recebem orientação na extensa
bibliografia doutrinária e nos núcleos do Movimento Espírita.
Mas, mesmo não tendo nada disso, ou melhor, precisamente por isso, por
não alimentar nenhum culto externo é que se faz mais autêntico o aspecto
religioso do Espiritismo. – Atente-se que liturgia é uma cousa,
religião é outra. – Liturgia é a moldura externa das religiões, “é a
indumentária, menos ou mais aparatosa e enfeitada, com que se pretende
materializar o sentimento religioso”. – Religião é a religação
consciente da criatura com o criador. – “Na verdade, podemos prescindir
de todo e qualquer planejamento litúrgico conservando incólume a
religião, ou, antes, a consciência religiosa”.
O
Espiritismo anima, apenas, o culto interior, manifestado em atos
internos, de fé, pela prece, e de amor, pelo trabalho a prol dos
semelhantes sem ideia de recompensa. – O objetivo religioso é
espiritualizar o homem, de vez que assim este se aproxima
progressivamente de Deus. – Ora, é precisamente esta a missão do
Espiritismo. – “Sua obra é de educação e tem por objetivo melhorar o
indivíduo, despertando-lhe as faculdades psíquicas latentes, a fim de
que se torne um colaborador de Deus no que respeita à evolução moral e
espiritual de si mesmo”. – Com tal contexto, o Espiritismo se afirma
como lídima revivescência do Cristianismo na pureza e na simplicidade
dos tempos de Jesus e da época apostólica. E assim realmente é, pois
desde seu advento o Espiritismo vem apresentando o Evangelho,
interpretado segundo o espírito que vivifica, como o Código Supremo de
Conduta Humana para todas as épocas e para todas as circunstâncias. – É
deste modo que o Espiritismo deve ser entendido como Religião.
Milton Luz
Fonte: Livro “Reflexos das atitudes”
Editora EME 1ª edição 1986
Lar/ABC do interior
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